DEPRAVAÇÃO TOTAL

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O ponto de vista que alguém toma a respeito da salvação será determinado, em grande escala, pelo conceito que essa pessoa tem a respeito do pecado e de seus efeitos sobre a natureza humana. Por isso, o primeiro ponto tratado pelo sistema calvinista é a doutrina bíblica da depravação total ou inabilidade total. Quando o calvinista fala do homem como sendo totalmente depravado, quer dizer que sua natureza é corrupta, perversa e totalmente pecaminosa diante de e para todo o “bem espiritual”.

O adjetivo “total” não significa que cada pecador está tão completamente corrompido em suas ações e pensamentos quanto lhe seja possível ser. O termo é usado para indicar que todo o ser, e em especial o âmago do homem, foi afetado pelo pecado.

A corrupção estende-se a todas as partes do homem, corpo e alma. O pecado afetou a totalidade das faculdades humanas – sua mente, sua vontade, etc. (Confissão de Fé, VI, 2). Também se pode usar o adjetivo “total” para incluir nele toda a raça humana, sem exceção. Como resultado dessa corrupção inata, o homem sem Deus é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa espiritualmente boa para a sua salvação – que viabilize redenção. É o que se quer dizer por “inabilidade total”.

A inabilidade referida nessa terminologia é a “inabilidade espiritual”. Significa que o pecador está tão espiritualmente falido que ele nada pode fazer com respeito à sua salvação. É evidente que muitas pessoas não salvas, quando julgadas pelos padrões humanos, possuem qualidades admiráveis e realizam atos virtuosos. Porém, no campo espiritual, quando julgadas pelos padrões divinos, são incapazes de fazer o bem (Confissão de Fé, XVI, 1 e 7).

O homem natural está escravizado pelo pecado: é filho de Satanás, rebelde para com Deus, cego para com a verdade, corrompido e incapaz de salvar a si mesmo ou de preparar-se para a salvação. Em resumo, o não regenerado está morto em pecado e sua vontade está escravizada à sua natureza corrompida pelo pecado, a ponto de não buscar a Deus.

O homem não veio das mãos do seu Criador nessa condição depravada. Deus fez Adão perfeito, sem qualquer corrupção/mácula em sua natureza. Originalmente, a vontade de Adão estava livre do domínio do pecado. Ele não estava sujeito a qualquer compulsão ou imperativo moralmente depravado; porém, por sua queda, trouxe a morte espiritual sobre si mesmo e sobre toda a sua posteridade. Desse modo, lançou a si mesmo e a toda a raça na ruína espiritual e perdeu para si e para os seus descendentes a habilidade de fazer escolhas certas no campo espiritual. A condição moral em que foi criado desapareceu.

Seus descendentes ainda são livres para escolher – todo homem faz escolhas em sua vida – mas, visto que a geração de Adão nasce com natureza corrompida pelo pecado, não tem a habilidade para escolher o bem ao invés do mal. O pendor é para a carne. Por conseguinte, a vontade do homem não é mais livre (i.e., livre do domínio do pecado) como era livre a vontade de Adão, antes da queda. Em vez disso, a vontade do homem, como resultado da depravação herdada, está escravizada à sua natureza pecaminosa. A Confissão de Fé de Westminster nos dá uma declaração clara e concisa dessa doutrina: “O homem, caindo em um estado de pecado, perdeu totalmente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação, de sorte que um homem natural, inteiramente adverso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso” (IX, 3).

Como resultado da transgressão de Adão, os homens são nascidos em pecado e são, por natureza, espiritualmente mortos; portanto, para se tornarem filhos de Deus e entrarem no Seu reino precisam nascer de novo, do Espírito. O Espírito Santo comunica os méritos da morte de Cristo ao pecador, que pela graça, mediante a fé, chega pela pregação ao pleno conhecimento de Cristo, é liberto do julgo do pecado que é a morte, é santificado entre os santos e aguarda a volta de Cristo na comunhão dos santos.

Imagem do topo: Colossal Head of a Youth . Estátua Grega. Metropolitan Museum of Art in New York City. Domínio Público.

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