O QUE É CONFESSIONALIDADE
A Confessionalidade é a confissão do que se crê, quer ela seja explícita ou implícita. Toda pessoa tem um sistema de crenças, ainda que ele não esteja formalmente organizado. Todos têm algo a pensar sobre a pessoa de Deus, de Cristo, do Espírito Santo e de todas as doutrinas que vêm necessariamente da crença em Deus. Porém, nem sempre as pessoas expõem isso. A falta de exposição dessas coisas não as torna inexistentes, apenas as tornam implícitas, ou seja, estarão subtendidas em falas e pregações destes indivíduos. O que normalmente diferencia uma pessoa de outra neste quesito é a sinceridade em reconhecer, publicamente, que o que crê se alinha mais ou menos com um determinado credo ou confissão da história da igreja.
Estes documentos (credos e confissões) têm sido elaborados pela igreja em resposta ao conhecimento bíblico. Nas palavras do rev. Herminsten Costa (2002) “O Credo é uma resposta do homem à Palavra de Deus, sumariando artigos essenciais da fé cristã”[1]. Por esta razão não tem porque acreditar que um credo ou confissão seja uma distorção da palavra de Deus, já que, eventualmente, toda pessoa responderá às Escrituras de algum modo em termos de organização de pensamentos.
A Confissão ou credo é um produto da igreja enquanto a igreja é, de certa forma, um produto da bíblia. Por esta razão uma pessoa, ao negar a necessidade de ter uma Confissão não está produzindo uma bíblia, mas está criando um credo: o credo de que não é necessário ter confissões e outros credos, exceto o dela. Não ter um credo além da bíblia é um credo [2].
O MOTIVO DA CONFESSIONALIDADE
Existem, pelo menos, dois motivos práticos do por que a Confessionalidade em forma de documentos existe:
O primeiro motivo é que pela confessionalidade explícita se faz conhecer a igreja. Tudo o que a Igreja crê não é um segredo, porque a igreja não é uma organização secreta. Ela não tem um rito de iniciação para dar acesso aos conhecimentos profundos de Deus. Antes, ela está aberta para que todos os que quiserem olhá-la possam ver tanto o que ela tem feito como o que ela crê. Pois, como a Igreja não é um produto do gnosticismo (doutrina que ensinava um conhecimento secreto de Deus) ela expõe o que ensina.
O segundo motivo é que, assim, os que estão na igreja têm acesso a um aprendizado claro e direto. Conquanto o texto bíblico seja de livre exame, ele não é de livre interpretação. A interpretação está sujeita às regras gramaticais, ao entendimento contextual e, evidentemente, à intenção do autor. As confissões servem como uma cerca para ajudar a entender o texto bíblico e a não fugir do seu significado. Isso não só facilita o aprendizado, mas garante que ele seja efetivo, fazendo com que quem aprende possa ter em mente os pontos centrais do ensino da fé cristã.
A existência de credos tem sido uma ferramenta de preservação da igreja e de sua pureza, impedindo que várias heresias entrem nela e permitindo uma resposta rápida a alguns problemas que, de outro modo, poderiam ter dividido muito mais a igreja. Negar essas coisas seria um apelo para se crer no que um indivíduo ensina acima do que a igreja tem ensinado a partir das Escrituras durante séculos.
REFERÊNCIAS
[1] COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Eu Creio No Pai, no Filho e no Espírito Santo. 1. ed. São Bernardo do Campo: Edições Parakletos, 2002.
[2] TRUEMAN, Carl R. O Imperativo Confessional. 1. ed. Brasília: Editora Monergismo, 2012.