Desde os primórdios da humanidade, a busca pela causa e a cura das doenças desafiou muitos povos e culturas. As abordagens variavam desde intervenções por rituais religiosos a procedimentos práticos específicos como cirurgias e medicações/poções.
Como retratam algumas fontes históricas, entre elas o Papiro Ebers, relacionada aos povos egípcios da antiguidade, não havia distinção entre ciência e a religião. As doenças foram enviadas pelos deuses como uma espécie de castigo ou eram espíritos maus possuindo um corpo e tinham de ser expulsos por meio de rituais, feitiços e amuletos. Mas também de forma prática usavam também tratamentos, que atualmente ainda são realizados: cirurgias, tratamentos dentários, próteses, circuncisão e sistema de saúde controlado pelo governo.
Na Grécia antiga, a abordagem das doenças de acordo com o Corpus Hippocraticum, diferente da concepção mágico–religiosa, postulou a existência de quatro fluidos (humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue. Desta forma, a saúde era baseada no equilíbrio desses elementos. Ele via o homem como uma unidade organizada e entendia a doença como uma desorganização desse estado.
Na Idade Média, as doenças estavam relacionadas, segundo a influência da religião cristã, ao resultado do pecado e a cura como questão de fé; o cuidado de doentes estava, em boa parte, entregue a ordens religiosas, que administravam inclusive o hospital, instituição que o Cristianismo desenvolveu muito, não como um lugar de cura, mas de abrigo e de conforto para os doentes.
As doenças, segundo o evolucionismo, têm origem na incompatibilidade entre os processos adaptativos das espécies e modificações do meio em que habitam (evolução lenta x transformações ambientais rápidas e profundas), determinadas vantagens evolutivas em um cenário trazem consigo o preço de desvantagem em outros cenários, (Ex: pessoas com algumas intolerâncias alimentares podem apresentar menor predisposição à algumas doenças degenerativas) e alguns sinais e sintomas de doença são na verdade uma forma de proteção do organismo (febre, diarréia e vômitos).
Segundo a medicina atual cada doença é única em sua etiologia. Doenças diferentes se desenvolvem por uma variedade de razões diferentes e que é impossível categorizar e organizar todas essas razões em uma lista curta que captura todas as causas fundamentais da doença. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o conceito de saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença ou enfermidade (OMS, 1946). Dependendo do ponto de vista, este conceito pode ser bem aceito por causa da sua abordagem holística mas, por outro lado, é condenado por ser extremamente utópico. Há questões intrigantes em relação ao conceito de doença. E não ajuda muito definir a doença como o oposto de saúde, visto que as definições de saúde são igualmente complicadas. A osteoporose foi oficialmente reconhecida como doença pela OMS em 1994, deixando de ser uma parte inevitável do envelhecimento normal.
A homossexualidade, na direção oposta, foi redefinida durante o século XIX como um estado ao invés de uma “vontade”; na primeira metade do século XX foi definida como um distúrbio endócrino que requeria tratamento hormonal. Posteriormente seria um transtorno mental cujo tratamento era baseado em eletrochoque e, às vezes, neurocirurgia; e, finalmente, em 1974 a American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria) a removeu do estado de doença listado no Diagnostic and Statistical Manual IV (Bayer & Spitzer, 1982). Distinguir adequadamente o que é doença e o que é comportamento e característica humana varia de acordo com a cultura e a sociedade. No início de 2002, duas lésbicas, ambas com deficiência auditiva congênita, usaram um doador de esperma com uma forma hereditária de surdez para aumentar suas chances de ter um filho surdo. Tiveram 2 filhos com deficiência auditiva. As respostas da sociedade variaram desde indignação até a defesa do direito do delas, não apenas de ter um filho, mas de escolher o tipo de filho que gostariam de ter.
Portanto sempre houve uma grande dificuldade pela humanidade em definir o binômio conceito/causa de doença. Dependendo do tempo e da cultura varia com as crenças, comportamentos e motivos aparentemente aleatórios.
Pela Bíblia, esta questão já está resolvida, pois mostra o vínculo entre doenças, comportamentos e pecado. As doenças surgiram após o pecado de Adão e Eva, causadas por um grande distúrbio na criação, devido a quebra da ordem estipulada por Deus. Segundo tal ordem, de acordo com os 2 primeiros capítulos de Gênesis, uma “obediência hierárquica” era a chave para a manutenção da existência de toda a criação. Coube ao homem a mais importante tarefa: representar o Criador (Sua imagem e semelhança) diante de todo o mundo recém formado. Obedecendo às diretrizes divinas, gerenciaria toda a criação, e desta forma a convivência perfeita seria alcançada. Portanto a sequência determinada era:
1-) Deus 2-) Homem/Mulher 3-) Restante da Criação
O homem, auxiliado por sua mulher, obedece a Deus; o Restante da criação obedece ao Homem, auxiliado por sua mulher.
A manutenção desta ordem manteria o equilíbrio da criação e, no meio do jardim do Éden, pela árvore da vida, isso duraria para sempre.
Entretanto, em Gênesis, no capítulo 3, esta sequência se inverte. A serpente aborda a mulher e propõe uma nova ordem: não há necessidade de obediência a Deus, já que ao comer o fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal, será tão sábia quanto Ele. A mulher então, tocada pela sensação diferente de uma “novidade”, se rende ao fruto proibido e também o dá ao seu marido, que também é rendido. Desta forma a sequência do pecado: serpente > mulher > homem e a ausência de Deus dá forma ao mundo pós pecado. Os elos iniciais são quebrados, e o homem enfrenta dificuldades internas e externas relacionadas ao pecado, não só doenças, mas também prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias (Gálatas 5:19-21). Com a expulsão do jardim do Éden, o homem e a mulher perdem a fonte de vida eterna, a Árvore da Vida, e a justiça de Deus é feita: Morrendo (espiritualmente) morrerás (fisicamente).
Ainda no capítulo 3, Deus em sua misericórdia, determina que a sequência do pecado em algum momento deixará de existir, pois a serpente será eliminada pelo descendente da mulher: e hoje nós sabemos pelo Novo Testamento quem é este descendente: Jesus Cristo, a nova Árvore da Vida. Nele temos a vida eterna. E depois da Sua segunda vinda, com o mal completamente vencido, não haverá doenças ou qualquer outra consequência da Queda.
Portanto, do ponto de vista do que a Bíblia ensina, as doenças são causadas pelo pecado. Isso explica o porquê o mundo tem tanta dificuldade em conceituar o que é doença e também de separá-la do comportamento humano. Não necessariamente uma determinada doença é causada por um pecado específico de uma pessoa, mas devido a entrada do pecado no mundo, as doenças trazem transtornos para toda a criação e enquanto vivermos nele estaremos vulneráveis. Temos no Novo Testamento as orientações necessárias para nos mantermos em Cristo e, no seu retorno, voltaremos ao jardim do Éden, onde será mantida a sequência correta de obediência e haverá contato direto com a árvore da vida – e vida em abundância.
BIBLIOGRAFIA:
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SCULLY, Jackie Leach. What is a disease? National Library of Medicine, 2004. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15229637/>. Acesso em: 06/05/2021
EIRIK. The 6 Reasons Why Diseases Exist. Darwinian Medicine, 2017. Disponível em: <http://darwinian-medicine.com>. Acesso em: 06/05/2021.
Imagem do topo: A medical practitioner examining a urine flask. Cornelis de Bie. Domínio Público