O QUE É TEOLOGIA?

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A palavra teologia vem do grego theologia. Essa palavra é composta por duas palavras: Θεός que significa resumidamente “Deus” e λόγος que significa “estudo, tratado, discurso”, entre outros. Teologia não é uma palavra que está na Bíblia; o máximo que se encontra é a aparição das palavras, separadamente, no original numa mesma sentença (Lc 8: 21; Rm 3: 2; 1Pe 4: 11). Portanto, unindo os significados das palavras chegaríamos a uma definição literal de estudo sobre Deus ou da doutrina de Deus. Essa é uma definição literal e importante para a construção de uma definição mais “sofisticada”.

Spurgeon, um pregador do séc. 19, foi citado por J. I. Packer em seu precioso livro, O Conhecimento de Deus, quando acertadamente formulou uma definição informal do que é a teologia ou objeto da teologia: “Já foi dito por alguém que ‘o estudo adequado da humanidade é o próprio homem’. Não me oponho à ideia, mas creio ser igualmente verdadeiro que o estudo correto do eleito de Deus é Deus; o estudo apropriado ao cristão é a Divindade. A filosofia que possa prender a atenção de um filho de Deus, é o nome, a natureza, a pessoa, a obra, as ações e a existência do grande Deus, a quem chama Pai.” (James I. PACKER. O Conhecimento de Deus. p. 9)

Segundo Agostinho é a “razão ou discurso sobre a divindade” (AGOSTINHO, A Cidade de Deus. Vol. 1, VIII.1. p. 301.). D. S Clark define: “Teologia é a ciência que trata de nosso conhecimento de Deus e de sua relação para com os homens.” ( D.S. CLARK, Compêndio de Teologia Sistemática. p. 17.) Berkhof a define assim: “A teologia […] é decididamente uma ciência normativa que trata da verdade absoluta, dada por meio da revelação e que obriga à consciência.” (Louis, BERKHOF, Introduccion a la Teologia Sistemática. p. 41.)

Geoffrey W. Bromiley: “Estritamente falando, a teologia é o que se pensa e se diz a respeito de Deus. A verdadeira teologia é dada pela própria Bíblia, como a revelação de Deus em termos humanos.” (Geoffrey  W. BROMILEY, Teologia: In: E.F. HARRISON, ed. Diccionario de Teologia, p. 515.) James O. Buswell relaciona assim: “O estudo que trata diretamente de Deus e de Seu relacionamento com o mundo e o homem.” (James O. BUSWELL, A  Systematic Theology of the Christian Religion. Vol. 1, p. 13.) John M. Frame constrói uma das definições mais bem feitas sobre o que é teologia: “Falando em termos gerais, teologia refere-se ao estudo, ao conhecimento, à comunicação e ao ensino de Deus, e à aprendizagem sobre Deus.” (John FRAME. A Doutrina do Conhecimento de Deus. p. 95.)

A teologia deve ser apenas um comentário às Escrituras, visto que a teologia não é divina, não “vem do céu”, mas é dos homens. Somente a Bíblia é a revelação de Deus, logo arquétipa. A teologia é necessariamente derivada, é éctipa. A teologia não pode ser um conhecimento independente de Deus, mas derivado de sua revelação. É um labor dos santos servos de Deus em busca de conhecer mais daquilo que de Deus se pode conhecer revelado nas Escrituras, para a glória exclusiva de Deus.

O teólogo, por sua vez, é um comentarista das Escrituras e não um determinador ou criador de significados. Observe o que diz John Mackay: “O tema e o conteúdo da teologia é a Revelação de Deus.” (John MACKAY, Prefacio a la Teologia Cristiana. p. 28.) A luta do teólogo é manter sua mente cativa ao seu propósito. Heber Carlos de Campos aponta para essa realidade: “Um bom teólogo é aquele que trata cuidadosa e apropriadamente do texto. Ao mesmo tempo, deve-se ter em mente que o teólogo, mesmo que bom, é um ser humano falível, que sempre reproduzirá os pensamentos infinitos de Deus em pensamentos finitos e imperfeitos dos homens.” (Heber Carlos de CAMPOS, Prolegômena. Apostila de aula. p. 12.)

Portanto, teologia só é teologia quando sujeita a Bíblia, ou seja, quando é serva das Sagradas Escrituras. A verdadeira teologia é um comentário às Sagradas Letras. É o discurso, estudo sobre a revelação Divina. Teólogo que é teólogo é comentarista das Escrituras – só assim se faz verdadeira e correta teologia.

Imagem do topo: Old Woman Reading. Data: 1854. Instituição: Rijksmuseum. Domínio Público.

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