Traduzido por diác. Alberto Nogueira
O Catecismo de Heidelberg & Zacharias Ursinus:
Pg. 72: Então, a própria água do batismo é a purificação dos pecados?
Resposta: não, de jeito nenhum, pois apenas o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam dos pecados.
Há formas de linguagem apropriadas e outras não, quando fazemos a diferenciação dos sacramentos em geral, do qual também o batismo faz parte. São as chamadas formas de linguagem sacramental. É uma forma apropriada de linguagem quando se diz que aqueles que recebem o sinal, recebem o objeto representado como quando é dito “quem crer e for batizado será salvo”. Também é verdade quando se diz que o sinal significa o objeto quando se diz: “batismo é o sinal da purificação/lavagem dos pecados”.
“Ele os deu a circuncisão como um sinal do pacto”. São consideradas formas de linguagem não apropriadas ou figurativas quando se fala que o sinal representa o objeto em si, como em “Batismo é lavagem de regeneração”; e quando se diz que o sacramento é o próprio objeto, ou objetos aos quais são significados, como quando é dito que o batismo nos salva. Pode se falar que todas essas formas de linguagem tem um significado: o batismo é um certo sinal da remissão dos pecados, e da vida eterna para aqueles que creem, pois os discursos figurativos que são usados em referência aos sacramentos devem ser interpretados da mesma maneira que os discursos figurativos em referência aos sacrifícios. Sacrifícios são geralmente chamados de remissão dos pecados, e mesmo o apóstolo Paulo afirma que o sangue de bois e de carneiros não podem livrar dos pecados. Então, quando é dito “Batismo nos salva”, a “lavagem de regeneração”, e “purificação de pecados”, significa que o Batismo é o sinal de todas estas coisas. (Comentário do catecismo de Heidelberg, p 364-365).
“4. Há no batismo, portanto, água dupla: a externa e visível que é fundamental; a outra interna, invisível e celestial, que é o sangue e o Espírito de Cristo. Existe, ainda, uma dupla lavagem no batismo: a externa, visível, representativa, em outras palavras: a aspersão e derramamento de água, que é perceptível pelos membros e sentidos do corpo; a outra é interna, invisível, e significando a remissão dos pecados debitada no sangue de Cristo derramado por nós, e nossa regeneração pelo Espírito Santo e implantado no seu corpo, o qual é espiritual, e percebido somente pela fé e Espírito. Por último, existe um duplo dispensador no batismo: um externo, o qual é o ministro da igreja, nos batizando por sua mão com água; o outro interno, o qual é o próprio Cristo, nos batizando com seu sangue e Espírito. (ibid., p.372).
6. Quando se diz, portanto, que o batismo é a lavagem de regeneração, para nos salvar, ou purificar dos pecados, significa que o batismo externo é sinal do interno, isto é, de regeneração, salvação e livramento espiritual; o uso adequado e apropriado se dá quando o batismo interno se une ao externo. (ibid., p.372).
Lucas Trelcatius
“A eficácia do batismo não é atribuída ao batismo externo, ou elementos da água, mas no sangue de Cristo, e no batismo interno do Espírito, o qual nos dá, de maneira oculta, a Graça invisível, representada no batismo externo”. (Uma Breve Instituição dos Lugares Comuns da Sagrada Divindade, cap. 12, p 342).
William Ames
Doutrina 7. O batismo externo em si mesmo não nos salva, mas sim o interno. Isso está no verso 21, “não sendo a remoção da imundície da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus”. Razão 1. Porque o batismo externo é realizado tanto aos hipócritas quanto aos crentes. 2. Porque não vem da alma. 3. Porque não tem poder de salvação em si mesmo. Uso. Isso deve servir para nos advertir, para não colocar muita fé e confiança nos sacramentos externos, batismo e ceia do Senhor, mas sempre procurar a graça espiritual representada por eles. (Uma Exposição Analítica de Ambas as Epístolas do Apóstolo Pedro).
Confissão Católica Húngara
Sobre o duplo batismo
O batismo interno é a limpeza pelo do sangue de Cristo, pela graça de Deus na justiça de Cristo por meio da renovação e limpeza do Espírito Santo, eliminando nossos pecados e nos regenerando, pois o Espírito nos dá um coração novo. Isso é chamado fogo e Espírito (falado em Ezequiel 16; Isaías 4,12; Zacarias 13). “Nós somos salvos pelo batismo”(1 Pedro 3:21; Gálatas 3; Agostinho, Livro 2,6; Lombardo, livro 4, dist.4; Cipriano, Do Batismo; Chrisóstomo)
O batismo externo é lavagem da água, sendo consagrado em nome da Trindade. Este é o sinal da remissão de pecados e do batismo interior. Por meio desse batismo, somos batizados no sinal da remissão de pecados, ou seja, em testemunho da remissão de pecados e dos benefícios celestiais. Os sacramentos não são aplicações dos objetos do sacramento ou das coisas representadas. Pois a aplicação é a obra do Espírito Santo por meio da fé na promessa. A Palavra é o instrumento de aplicação da salvação. Os sacramentos são os selos de testemunho da aplicação da graça, salvação e remissão dos pecados por meio da fé (Basílio, Sobre o Espírito Santo, cap. 15; Jerônimo, Sobre Isaías 12, Jeremias, Ezequiel 16, Zacarias 13). (Confissões reformadas dos séculos 16 e 17, vol. 2, p. 512).
Diretório de Culto de Westminster para o Culto Público a Deus (1645)
Quando administrar o batismo “o ministro deve orar assim: ‘Que o Senhor, que não nos deixou como estranhos sem o pacto da promessa, mas nos chamou para os privilégios de suas ordenanças, graciosamente concedeu santificar e abençoar sua própria ordenança de batismo neste momento: que ele possa fazer a união entre o batismo interior com o Espírito e o batismo exterior com água; que esse batismo seja um selo de adoção, remissão de pecado, regeneração e vida eterna, e todas as outras promessas do pacto da graça para o bebê: Que a criança seja inserida na semelhança da morte e ressurreição de Cristo; e que, o corpo do pecado sendo destruído nele, possa servir a Deus em novidade de vida todos os seus dias.’”.
Traduzido do site Purely Presbyterian, no link: https://purelypresbyterian.com/2021/10/18/spiritual-vs-water-baptism-a-reformed-distinction/
Imagem do topo: Le pape Sylvestre baptise Constantin, Andrea Camassei. Wikimédia Commons. Domínio Público